Quem se mostra sempre e em tudo amável,
faz-se necessariamente amar.
Ah! Se
procurássemos conhecer todos os belos títulos que Jesus Cristo tem para ser
amado,todos nos acharíamos na feliz necessidade de o amar. Que coração há
mais amável que o de Jesus Cristo?
Coração este todo puro, todo santo, todo amor para
com Deus e para conosco. Coração cujos desejos têm por objeto único a glória
divina e o nosso bem. Coração no qual Deus acha todas as suas delícias e toda a
sua complacência.
No Coração de
Jesus estão concentradas todas as perfeições e virtudes: um amor ardentíssimo a
Deus, seu Pai, unido à mais profunda humildade de reverência;
Uma suprema
confusão pelos nossos pecados que tomou sobre si, unida à confiança mais
perfeita de Filho terníssimo; uma extrema detestação das nossas culpas, unida a
uma viva compaixão das nossas misérias;
Uma dor suprema unida a uma
conformidade perfeita com a vontade de Deus. Em Jesus, portanto, acha-se tudo
que possa haver de amável.
Uns são atraídos
ao amor pela beleza, outros pela inocência, estes pela convivência, aqueles pela
devoção. Mas se houvesse uma pessoa que em si reunisse todas estas e mais outras
virtudes, quem poderia deixar de a amar?
Se soubéssemos que
longe de nós reina um monarca famoso, humilde, afável, piedoso, cheio de
caridade, manso para com todos e benfazejo até para com os que lhe fazem mal;
mesmo sem o conhecermos e termos que ver com ele, seriamos cativados pelo seu
amor e constrangidos
a amá-lo.
a amá-lo.
– Como é então possível,
que Jesus Cristo, que possui todas essas virtudes em grau supremo, que nos ama
tão ternamente, seja amado tão pouco pelos homens, e não seja o objeto único de
nosso amor?
Ah, Deus! Jesus,
que só é amável, e nos deu tantas provas do amor que nos tem, Jesus só, por
assim dizer, é tão inditoso, que não consegue ver-se amado de nós, como se não
fosse bastante digno de nosso amor!
É o que fazia
chorar uma Rosa de Lima, uma Catharina de Gênova, uma Teresa, uma Maria Madalena
de Pazzi, que contemplando a ingratidão dos homens exclamavam entre lágrimas:
O amor não é amado! O amor não é amado!
Ó meu amável Redentor,
Que objeto mais
digno de amor podia o osso Eterno Pai mandar-me amar fora de Vós? Vós sois o
enlevo do paraíso, e o amor de vosso Pai; vosso Coração é a sede de todas as
virtudes.
Amabilíssimo
Coração do meu Jesus, Vós mereceis o amor de todos os corações. Muito pobre e
infeliz é o coração que Vos não ama. Tão infeliz foi o meu coração durante todo
o tempo que Vos não amou. Mas não quero continuar a ser tão desgraçado, pois
amo-Vos, ó Jesus, e quero sempre amar-Vos.
Ó Senhor, no
passado vivi esquecido de Vós; e agora, que esperarei? Talvez que a minha
ingratidão Vos obrigue a Vos esquecer inteiramente de mim, e a me desamparar?
Não, meu
dulcíssimo Salvador, não o permitais. Vós sois o amor de um Deus, e não o sereis
de um miserável pecador, como eu, a quem tanto tendes amado e cumulado de
benefícios?
Ó formosas chamas,
que ardeis no Coração amoroso do meu Jesus, acendei no pobre coração este fogo
sagrado e bendito que Jesus veio trazer do céu à terra.
Consumi e destrui todos os afetos impuros
que reinam em meu coração e o impedem de ser todo de Deus. Fazei, ó meu Jesus,
que eu viva unicamente para Vos amar, meu amado
Salvador.
Se outrora Vos
desprezei, sabei que hoje sois o
meu único amor. Amo-Vos, amo-Vos, amo-Vos, e só a Vós quero amar. Ó meu
dulcíssimo Senhor, não recuseis o amor de um coração que por tanto tempo Vos
afligiu.
Seja uma glória
vossa mostrar aos Anjos um coração, todo abrasado em vosso amor, que outrora
fugia de Vós e Vos desprezava. – Virgem Santíssima e esperança minha, Maria,
ajudai-me; rogai-lhe que com a sua graça me torne tal qual seu Coração me
deseja.
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Fonte:
retirado do livro “Meditações para todos os dias e festas do ano” de Santo
Afonso de Ligório
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