segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

OH SENHOR MEU! QUANDO QUERES SARAS A FERIDA QUE FIZESTE!

Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita descalça, doutora da Igreja 
Exclamação 16 

«E todos os que O tocavam ficavam curados.»                              
Ó Deus verdadeiro e Senhor meu! Para a alma afligida pela solidão em que vive na tua ausência, é grande consolo saber que estás em toda a parte. Mas que sentido há nisto, Senhor, quando a força do amor e o ímpeto desta pena aumentam e o coração se atormenta, a tal ponto que nem podemos já compreender nem conhecer tal verdade? A alma percebe apenas que está apartada de Ti, e nenhum remédio admite. Porque o coração que muito ama não consente outros conselhos nem consolos, senão os vindos daquele que o feriu; dele somente espera a cura para a sua pena. 
                                    
Quando Tu queres, Senhor, depressa saras a ferida que fizeste. Ó meu Bem-Amado, com quanta compaixão, com quanta doçura, bondade e ternura, com quantas mostras de amor saras estas chagas feitas com as setas do teu amor! Ó meu Deus, Tu és o repouso para todas as penas. Não será loucura vã procurar meios humanos para curar os que vivem enfermos do divino fogo? Quem poderá saber aonde tal ferida chegará, donde vem, e como mitigar tão penoso tormento? [...] Quanta razão tem a esposa do Cântico dos Cânticos, ao dizer: «O meu amado é para mim e eu para ele» (Ct 2,16)! Porque o amor que sinto não pode ter origem em algo tão baixo como é este meu amor. E no entanto, Esposo meu, sendo ele assim tão baixo, como entender que seja afinal capaz de superar todas as coisas criadas, para chegar a seu Criador?

Fonte: EAQ

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