A ORAÇÃO, ALIMENTO PARA A ALMA!
O segundo que à esposa de Deus é necessário
na oração é a ação de graças,
Isto é, que com
toda humildade dê graças a seu Criador pelos benefícios recebidos e
ainda a receber.
Isto aconselhou
São Paulo Apóstolo, aos Colossenses, no capítulo quarto de sua epístola,
dizendo: “Perseverando na oração, velando nela com ação de
graças”.
Não há nada que
torne o homem tão digno das dádivas divinas como o contínuo agradecimento pelos
dons recebidos. Por isso escreve Santo Agostinho a Aurélio: “Que de melhor
poderíamos sentir no coração, manifestar com palavras e exprimir com a pena do
que Deo gratias (graças
a Deus)”.
a Deus)”.
Quando, portanto,
estás em oração, medita entre ações de graça, que Deus te fez
homem; que te fez cristão; que te perdoou inúmeros pecados; que em muitos
pecados teria caído, se o Senhor não te houvesse protegido; que não permitiu
morreres no mundo, mas te chamou a uma religião altíssima e perfeitíssima que te
apascentou sem trabalho teu.
Medita que por ti
se fez homem, foi circuncidado e batizado. Por ti se tornou pobre e nu,
humilde
e desprezado.
e desprezado.
Por ti jejuou,
teve fome e sede, trabalhou e se fatigou; por ti chorou, verteu suor de sangue,
te alimentou com teu santíssimo corpo e te deu a beber o seu preciosíssimo
sangue.
Por tua causa foi
esbofeteado, coberto de escarros, escarnecido e atado. Por ti foi crucificado,
chagado, morto de morte torpíssima e amaríssima. Tudo isto sofreu para a tua
salvação.
Foi sepultado,
ressurgiu, subiu aos céus, enviou o Espírito Santo e prometeu dar a ti e a todos
os eleitos o reino do céus.
Tal ação de graças, feita
na oração, é sobremodo útil, nem tem
valor, sem ela, qualquer oração. Pois, “a ingratidão, como diz São
Bernardo, é um vento ardente que seca a fonte da piedade, o orvalho da
misericórdia e o rio
da graça”.
da graça”.
Colocar o coração na
oração
O terceiro que
necessariamente se exige para uma oração perfeita é que o teu espírito
não pense, durante a oração, em outra coisa senão aquilo que
oras.
Seria muito
inconveniente falar alguém a Deus com a boca e se ocupar com outra no coração;
dirigir, por assim dizer, a metade do coração ao céu, e reter a outra metade na
terra.
Semelhante oração jamais será atendida pelo
Senhor.
Por isso diz a
interpretação de Lyrano das palavras do Salmo: “Clamei de todo o meu
coração; atendei-me, Senhor: ‘um coração dividido não alcança coisa
alguma’”.
Deve, pois, a
serva de Deus, no tempo da oração, afastar o seu coração de todos os cuidados
exteriores, de todos os desejos mundanos e de todas as afeições carnais,
dirigi-lo ao seu intimo e levantar todo o coração e toda a alma somente
àquele a quem dirige a sua oração.
Este conselho te
dá o teu Esposo Jesus no Evangelho dizendo: “Tu, porém, quando orares, entra
no teu aposento, e, cerrada a porta, ora a teu Pai”.
Então
terás entrado no teu aposento, quando tiveres encerrado no íntimo de
teu coração todas as cogitações, todos os desejos, todas as afeições; então
terás fechado a porta, quando tão diligentemente guardares o teu
coração que nenhuma cogitação fantástica te possa impedir
na devoção.
na devoção.
“A oração, explica Santo
Agostinho, é a direção da alma a Deus por um afeto devoto e
humilde”.
Ouve, bem
aventurada madre, serva de Jesus Cristo e inclina o teu ouvido às palavras
de minha boca. Não te deixes enganar, não te deixes iludir, não percas o
grande fruto de tua oração, não percas a suavidade nem a doçura que deves haurir
na oração.
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Fonte:
retirado do livro ”A vida perfeita” de São Boaventura.
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