“A caridade não se irrita”.
A virtude de não se irritar nas contrariedades que
acontecem, é filha da mansidão. Já falamos bastante nos capítulos anteriores
sobre os atos de mansidão.
Por ser uma
virtude que deve ser continuamente praticada por quem vive no
meio dos homens, trataremos aqui apenas de alguns pontos mais particulares, mais
úteis na prática.
A humildade e a mansidão
foram as virtudes mais estimadas por Jesus Cristo. Por isso ele disse aos seus
discípulos: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de
coração”.
Nosso Redentor foi
chamado cordeiro: “Eis o Cordeiro de Deus”, não só pelo sacrifício que devia
fazer na cruz para satisfazer pelos nossos pecados, mas também pela mansidão
manifestada em toda sua vida, especialmente na sua Paixão.
Na casa de Caifás,
recebeu uma bofetada daquele servo que, ao mesmo tempo, o tratava como um
atrevido: “Assim respondes ao pontífice?”, Jesus só disse essas humildes
palavras: “Se falei mal, dize-me em que; se falei bem, por que me bates?”.
Esta mansidão ele continuou
a vivê-la até a morte. Pregado na cruz enquanto todos caçoavam e praguejavam,
ele apenas dizia ao Pai Eterno que os perdoasse: “Pai, perdoai-lhes porque não
sabem o que fazem”.
Coração Manso
Como são caros a
Jesus os corações mansos. Recebendo
ofensas, desprezos, calúnias, perseguições e até mesmo pancadas e ferimentos,
não se irrita contra quem os injuria ou maltrata.
“Sempre lhe agradaram as
súplicas dos mansos”. As preces dos bondosos de coração sempre são aceitas por
Deus, isto é, ele nunca deixa de atendê-las.
A eles, de modo
especial, está prometido o Céu: “Bem-aventurados os mansos, porque eles
possuirão a terra”. Dizia o Padre Álvarez que o paraíso é a pátria dos
desprezados, perseguidos
e oprimidos.
e oprimidos.
A eles, e
não aos orgulhosos, que são honrados e estimados pelo mundo, está
reservada a posse daquele reino eterno.
As pessoas
bondosas não somente alcançarão a felicidade eterna na outra vida, mas já na
terra gozarão de uma grande paz. Isso é verdade, porque os santos não
guardam ódio de quem os maltrata, mas os amam mais do que antes.
O Senhor, em recompensa à
sua paciência, aumenta-lhes a paz interior.
Dizia Santa
Teresa: “As pessoas que falam mal de mim, parece que eu as amo com mais amor”.
Mais tarde,
disseram dela: “As ofensas eram para ela alimento de amor”, isto é, as ofensas
davam-lhe mais oportunidades para mais amar aquelas pessoas que
mais a ofendiam.
Tal mansidão só
possui quem tem grande humildade e pouco conceito de si mesmo, pelo que julga
merecer todo o desprezo.
Por isso mesmo, os
orgulhosos são sempre raivosos e vingativos, porque julgam-se bons e acreditam
ser merecedores de toda a honra.
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Fonte:
retirado do livro “A prática do amor a Jesus Cristo” de Santo Afonso de
Ligório.
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