Assim como Jesus se chama Rei das Dores e
Rei
dos Mártires,
dos Mártires,
Porque padeceu na
sua vida mais que todos os outros mártires; assim Maria é com
razão chamada Rainha dos Mártires.
Mereceu este título por ter
sofrido o martírio mais longo e mais doloroso que se possa padecer depois do de
seu Filho.
A Virgem pode
dizer o que o Senhor disse pela boca de David: “A minha vida toda passou-se em
dor e lágrimas, porquanto a minha dor, que era a compaixão de
meu amado Filho, não se afastava jamais do meu pensamento, vendo eu sempre todas
as penas e a morte que Ele um dia devia padecer”.
– Revelou a mesma
divina Mãe a Santa Brígida, que, ainda depois da morte do Filho e depois de sua
Ascensão ao céu, a lembrança da sua paixão estava sempre fixa e recente no seu
terno coração de mãe, quer comesse, quer trabalhasse.
O martírio de
Maria foi também de todos o mais doloroso, porquanto, ao passo
que os outros mártires tiveram o corpo dilacerado pelo ferro, ela teve a alma
transpassada e martirizada, como já lhe predisse Santo Simeão: “E uma espada
de dor transpassará a tua alma”.
Ora, quanto a alma é mais nobre que o corpo, tanto maior
foi a dor de Maria que a todos os mártires. – A tudo isso acresce que Ela
padeceu sem alívio algum.
Para os outros
mártires, o seu amor a Jesus fazia-lhes os tormentos doces e suaves; para a
Divina Mãe, porém, o mesmo amor se lhe tornou cruel algoz, e fazia todo o seu
martírio.
Numa palavra,
conclui um sábio escritor, o martírio de Maria na Paixão do Filho foi tão
grande, porque Ela só podia dignamente compadecer-se da morte
de um Deus feito homem.
Co-Redentora
da Humanidade
A dor de Maria na
Paixão de Jesus Cristo não foi estéril, como a das mães comuns à vista dos
filhos que sofrem. Não; foi, ao contrário, uma dor que produziu frutos
abundantes de vida eterna.
São Cipriano,
falando dos mártires, disse que o seu sangue era como que uma semente de
cristãos, querendo dizer que por um só homem que caía vítima da perseguição,
seguiam logo muitos pagãos a pedi o batismo e abraçarem a religião perseguida.
Esta fecundidade, porém, vem do martírio da
Rainha dos Mártires.
Com efeito,
sabemos que pelo mérito do sacrifício doloroso que Maria fez na morte de seu
Filho, foi ela feita depositária dos méritos de Jesus Cristo, Co-redentora do
gênero humano e Mãe de todos os fieis que lhe foram confiados
na pessoa de João: – “Mulher, eis aí o teu filho”.
De sorte que todos os que se salvaram, se salvam e ainda
vierem a salvar-se, todos serão devedores da sua salvação, depois de Jesus
Cristo, ao martírio do Coração de Maria.
– Se, portanto,
nós também quisermos um dia ir gozar no céu, sejamos devotos servos desta
querida Mãe, e, à imitação dela, soframos com paciência as penas que tenhamos a
sofrer, e todas as graças que queiramos pedir ao Senhor, peçamo-las pelos
merecimentos das incomensuráveis dores que ela sofreu no correr de toda sua
vida, e especialmente na Paixão de seu Filho.
Sim, ó Rainha dos
Mártires, prometemos ser-vos fieis; mas vós mesma deveis alcançar-nos esta
graça.
– “E Vós, ó meu
Deus, em cuja Paixão, segundo a profecia de Simeão, a alma dulcíssima da
gloriosa Virgem e Mãe Maria foi transpassada por uma espada de dor: concedei
propício que nós, que celebramos a memória de suas dores e
padecimentos, possamos, pelos méritos gloriosos e intercessão de todos
os Santos que se acharam ao pé da cruz, obter os felizes frutos dessa mesma
paixão”.
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Fonte:
retirado do livro “Meditações para todos os dias e festas do ano” de Santo
Afonso de Ligório.
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