quarta-feira, 1 de abril de 2015

RAINHA DOS MÁRTIRES POR QUE CHORAS?

Assim como Jesus se chama Rei das Dores e Rei
dos Mártires,
Porque padeceu na sua vida mais que todos os outros mártires; assim Maria é com razão chamada Rainha dos Mártires.
 Mereceu este título por ter sofrido o martírio mais longo e mais doloroso que se possa padecer depois do de seu Filho.
A Virgem pode dizer o que o Senhor disse pela boca de David: “A minha vida toda passou-se em dor e lágrimas, porquanto a minha dor, que era a compaixão de meu amado Filho, não se afastava jamais do meu pensamento, vendo eu sempre todas as penas e a morte que Ele um dia devia padecer”.
– Revelou a mesma divina Mãe a Santa Brígida, que, ainda depois da morte do Filho e depois de sua Ascensão ao céu, a lembrança da sua paixão estava sempre fixa e recente no seu terno coração de mãe, quer comesse, quer trabalhasse.
O martírio de Maria foi também de todos o mais doloroso, porquanto, ao passo que os outros mártires tiveram o corpo dilacerado pelo ferro, ela teve a alma transpassada e martirizada, como já lhe predisse Santo Simeão: “E uma espada de dor transpassará a tua alma”.
Ora, quanto a alma é mais nobre que o corpo, tanto maior foi a dor de Maria que a todos os mártires. – A tudo isso acresce que Ela padeceu sem alívio algum.
Para os outros mártires, o seu amor a Jesus fazia-lhes os tormentos doces e suaves; para a Divina Mãe, porém, o mesmo amor se lhe tornou cruel algoz, e fazia todo o seu martírio.
Numa palavra, conclui um sábio escritor, o martírio de Maria na Paixão do Filho foi tão grande, porque Ela só podia dignamente compadecer-se da morte de um Deus feito homem.
Co-Redentora da Humanidade
A dor de Maria na Paixão de Jesus Cristo não foi estéril, como a das mães comuns à vista dos filhos que sofrem. Não; foi, ao contrário, uma dor que produziu frutos abundantes de vida eterna.
São Cipriano, falando dos mártires, disse que o seu sangue era como que uma semente de cristãos, querendo dizer que por um só homem que caía vítima da perseguição, seguiam logo muitos pagãos a pedi o batismo e abraçarem a religião perseguida.
Esta fecundidade, porém, vem do martírio da Rainha dos Mártires.
Com efeito, sabemos que pelo mérito do sacrifício doloroso que Maria fez na morte de seu Filho, foi ela feita depositária dos méritos de Jesus Cristo, Co-redentora do gênero humano e Mãe de todos os fieis que lhe foram confiados na pessoa de João: – “Mulher, eis aí o teu filho”.
De sorte que todos os que se salvaram, se salvam e ainda vierem a salvar-se, todos serão devedores da sua salvação, depois de Jesus Cristo, ao martírio do Coração de Maria.
– Se, portanto, nós também quisermos um dia ir gozar no céu, sejamos devotos servos desta querida Mãe, e, à imitação dela, soframos com paciência as penas que tenhamos a sofrer, e todas as graças que queiramos pedir ao Senhor, peçamo-las pelos merecimentos das incomensuráveis dores que ela sofreu no correr de toda sua vida, e especialmente na Paixão de seu Filho.
Sim, ó Rainha dos Mártires, prometemos ser-vos fieis; mas vós mesma deveis alcançar-nos esta graça.
 – “E Vós, ó meu Deus, em cuja Paixão, segundo a profecia de Simeão, a alma dulcíssima da gloriosa Virgem e Mãe Maria foi transpassada por uma espada de dor: concedei propício que nós, que celebramos a memória de suas dores e padecimentos, possamos, pelos méritos gloriosos e intercessão de todos os Santos que se acharam ao pé da cruz, obter os felizes frutos dessa mesma paixão”.
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Fonte: retirado do livro “Meditações para todos os dias e festas do ano” de Santo Afonso de Ligório.

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