Plinio Corrêa de Oliveira – líder católico brasileiro.
Ao olharmos uma noite de céu estrelado, em lugar de considerarmos apenas as grandezas de Deus –
Pensamento aliás
muito louvável – saberemos nós contemplar também Maria Santíssima,
incomparavelmente maior e mais formosa do que cada um dos astros que estão no
céu, e de todos eles no seu conjunto?
Sendo Ela a obra-prima da criação, toda a beleza, toda a grandeza, toda a
excelência que Deus pôs no firmamento é pequena em relação à que pôs n’Ela.
O céu que vemos
não é senão uma imagem, uma figura da grandeza de Nossa Senhora. Apesar de ser
mera criatura, tudo quanto n’Ela há excede muito, em perfeição, todas essas
belezas criadas e isto de um modo inexprimível.
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Inteligência
incomparável
Quando nos
deparamos com um homem muito inteligente, podemos ter o pensamento salutar de
que ele, comparado a Nossa Senhora, é mais ignorante que o mais primário
analfabeto comparado ao maior dos sábios.
São Tomás de
Aquino, comparado a Ela, era um ignorante, tal a plenitude e a perfeição de seu
conhecimento.
Sua inteligência não tem
somente toda a perfeição de uma inteligência humana à qual nada há que
acrescentar, mas possui ainda o conhecimento de todas as coisas que à mais alta
das criaturas é dado conhecer.
Aquilo que no
mundo pode haver de mais inteligente, comparado a Nossa Senhora é zero, é cisco,
é nada. Toda a inteligência possível a uma criatura tão excelsa, alargada pela
plenitude das graças do Espírito Santo, Ela a tem.
É algo, portanto, excelente
e sumamente inconcebível. Quando rezamos a Ela, devemos ter presente esta
excelência que lhe é própria – a de ter uma inteligência
incomparável.
Assim como há
dados misteriosos da natureza que escapam totalmente ao nosso conhecimento – não
sabemos, por exemplo, quantos grãos de areia existem em todas as praias da Terra
– assim também não temos termo algum de comparação para compreendermos a riqueza
da inteligência de Nossa Senhora.
É algo que está
fora do nosso alcance e que não nos é possível imaginar. Pois bem, esta é uma
verdade que deve estar sempre muito presente no cabedal dos conhecimentos que
sobre Ela possuímos.
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Vontade
Heróica
Passemos às
perfeições de Nossa Senhora no que se refere à sua vontade. Tomemos alguns fatos
de heróica e sobrenatural força de vontade:
São Lourenço, que,
colocado sobre uma grelha, suporta heroicamente o fogo até que, ao cabo de algum
tempo, desafia: “Podem virar do outro lado, pois deste já estou
assado”.
Um mártir da
Tebaida, que, amarrado a uma mesa, foi tentado de todas as formas por uma
mulher; e não tendo mais como resistir à tentação, mordeu a própria língua e
cuspiu-a fora, a fim de evitar o consentimento.
São fatos que
demonstram um verdadeiro e admirável
heroísmo.
Mas nada são, comparados ao
heroísmo de Nossa Senhora, que os supera acima de qualquer proporção. Não passam
de um grão de areia, comparado ao globo terrestre.
O sofrimento que
Ela teve consentindo na Paixão de Nosso Senhor, desejando até o último instante
sua consumação plena e tudo sofrendo com Ele, é algo que não pode ser comparado
a nada de humano, nem sequer ser expresso em linguagem desta Terra.
Perto de sua
“com-Paixão”, os exemplos dados tornam-se insignificantes.
Ela não é uma
grande santa apenas por ser a Mãe de Deus. É bem verdade que este é o título
essencial de sua santidade, a razão pela qual recebeu toda as graças.
Mas é preciso
notar ainda que Ela correspondeu à graça e se tornou uma grande santa pela
perfeição insondável de sua correspondência, perto da qual toda a
generosidade de todos os santos nada é. Santo Anselmo no-lo exprime
lapidarmente:
“Aquilo que todos os santos
podem convosco, Vós o podeis só e sem nenhum deles. Se Vós guardais o silêncio,
ninguém rogará por mim, ninguém me ajudará, mas falai e todos rogarão por mim,
todos se apressarão a me socorrer”.
Isto porque Ela é
a Mãe de Deus, medianeira de todas as graças. E sua virtude transcende numa
proporção inconcebível a de todos os demais santos.
Destas afirmações
nem uma vírgula se poderá tirar. E é preciso reconhecermos que não temos disto
uma noção digna. Ficamos, em geral, em figuras de retórica: “Tu, a mais bela, a
mais formosa…”. Embora verdadeiras, é mister aprofundá-las.
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Fonte: Comentários sobre o
livro “Tratado da
Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem” (Excertos de exposições feitas
pelo Prof. Plínio Corrêa
de Oliveira, em
1951)
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