.Santa Catarina de
Sena
.Ó Deidade, Deidade, inefável Deidade!
Ó
bondade suprema!
bondade suprema!
Unicamente por
amor, nos fizeste à tua imagem e semelhança.
Ao criar o homem,
não disseste “Faça-se”, como ocorrera com as demais criaturas, mas “Façamos o
homem à nossa imagem e semelhança” (Gn. 1, 26) para que, Amor inefável, toda a
Trindade concordasse.
A memória é figura
de Ti, Pai eterno: como reténs e conservas todas as coisas, deste a memória ao
homem, a fim de que ele retivesse e conservasse tudo aquilo que a inteligência
vê, entende e conhece da tua bondade infinita; com isso o homem participa da
sabedoria do teu Filho unigênito.
Deste ao homem a
vontade, como figura da clemência do Espírito Santo; qual mão poderosa do teu
amor, ela se ergue para apanhar tudo quanto a inteligência conhece do teu Ser
inefável.
Assim, estando a
vontade cheia do teu amor, o mesmo acontece com a memória.
Gratidão, gratidão a Ti,
excelsa e eterna Deidade, pelo amor revelado ao concederes tal semelhança à
alma: inteligência para conhecer, memória para reter e conservar, vontade para
possuir-Te acima de tudo.
Ó bondade
infinita, como é racional que, ao Te conhecer, o homem Te ame.
Ame com um amor tão
vigoroso, que demônio ou criatura alguma pode destruir, sem o consentimento da
vontade. E envergonhe-se a pessoa que, conhecendo o teu amor, não Te
ama.
Ó Deidade eterna,
amor sem preço! Após cairmos no horror do pecado, quando nosso pai Adão, por
maldade e fraqueza Te desobedeceu, Tu, ó Pai, com amor e compaixão olhaste para
nós, míseros e infelizes, e enviaste o teu Filho unigênito, Palavra encarnada e
revestida de nossa condição mortal.
E Tu, Jesus, nosso
reconciliador,
restaurador e redentor, Te tornaste mediador, palavra e amor. Da grande
guerra, que o homem mantinha contra o Pai, fizeste uma imensa paz.
Puniste em teu
corpo nossas maldades e a desobediência de Adão, fazendo-Te obediente até a
vergonhosa morte na cruz.
Bondoso e amoroso
Jesus! Com um único golpe deste a reparação à injúria feita ao Pai e ao nosso
pecado, pois tomaste sobre Ti a vingança da ofensa ao Pai.
Pequei, Senhor,
tem compaixão de mim.
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Fonte:
retirado do livro “As Orações” de Santa Catarina de Siena.