Em meados do século XVIII,
Uma religiosa da
Visitação, em Turim, teve uma visão tremenda e por demais impressionante.
Enquanto estava em oração fervorosa diante de Jesus Sacramentado, apareceu-lhe a
Sagrada Hóstia gotejando sangue fresco.
A visão
repentinamente desapareceu, e a irmã, como por encanto, se encontrou no átrio
das duas igrejas situadas no começo da praça S. Carlos, e ali começou a ouvir
uma algazarra de vozes dissonantes, blasfêmias e gritos que vinham das ruas
laterais…
O barulho ia
aumentando cada vez mais, por fim uma enorme multidão invade a praça.
Aí representam uma
comédia asquerosíssima e logo após saem precipitadamente pelas ruas da direita
em direção ao rio Pó; imediatamente uma grande enxurrada de sangue inunda toda a
praça e depois escorre pelas mesmas ruas até perder-se no rio, juntamente com
aquela gentalha horrível, verdadeiros demônios.
A irmã,
horrorizada, volta-se para Nosso Senhor e exclama: “Ó Jesus, salvai-nos!” E Jesus
responde-lhe: “Não tenhas medo, pois a enxurrada já passou.
Fique sabendo, porém, que
todos esses são os profanadores do meu Sangue Eucarístico. São todos os que
nesta cidade eucarística, calcam aos pés a Sagrada Eucaristia, comungando
sacrilegamente.
São novos Judas que se
sucedem através dos séculos. Vai e conte a todos o que lhe
mostrei”.
A religiosa
cumpriu o encargo. A narração desse fato impressionou grandemente,
fazendo muito bem.
* * *
Discípulo.
— Estou trêmulo de medo, Padre, mas… será que isso é
verdade?
Mestre. —
Fato autêntico! Existem documentos Comprobatórios nos arquivos da
Igreja e na Cúria de Turim.
D. —
Será possível que existam tantos Judas?
M. —
Mais do que certo, e como já disse, em todas as classes
sociais.
D. —
E por que Jesus Cristo, sendo Deus não previu estes abusos?
M. —
Sim, Ele previu, mas instituiu a Comunhão e o Sacerdócio, pois sabia
também que muitos comungariam digna e santamente, prestando-lhe grande
honra e grande amor, e sabia também que sem a comunhão muitos cristãos não
conseguiriam manter-se fiéis e constantes na fé.
D. —
Então Jesus Cristo, ao instituir a Santíssima Eucaristia, preferiu
nosso proveito, à custa de ser desprezado?
M. —
Realmente preferiu nosso proveito à custa de ser desprezado. Jesus é
sempre Jesus, infinita bondade e misericórdia.
Faz como a mãe que se deixa
arranhar pelo filhinho e depois quase o come com tantos beijos; ou como aquela
outra que, apesar de ser ameaçada e desprezada pelo filho, contudo continua
amá-lo e atendê-lo em tudo.
Jesus é sempre o
Divino Mestre, amante, paciente, resignado, indulgente.
D. —
Mesmo assim, acho que Jesus não deveria permitir tantos
sacrilégios.
M. —
Sua opinião e juízo são demasiado curtos e terrenos; o de Jesus é muito
diverso.
Mais alegria e
felicidade experimenta Ele quando uma alma comunga bem, do que a amargura que lhe podem
causar todos os sacrilégios de todos os tempos.
É como o sol, que embora
reverbere seus raios sobre todas as imundícies da terra, não obstante a enche de
luz, vida e calor.
É como aquela mãe
que se sente feliz e contente com os carinhos de um bom filho, que triste com os
desgostos que lhe dão os maus.
D. —
Oh! Jesus tão bondoso e tão mal correspondido.
M. —
Sim, infinitamente bondoso é Jesus. Por isso é que tantos abusam de sua
bondade. Porém, ai dos ingratos e dos traidores!
D. —
Serão terríveis os seus castigos?
M. — Terribilíssimos, mas
bem merecidos. Não haverá desculpas para eles; as palavras de Jesus Cristo são
eternas e infalíveis: “Quem come indignamente a minha carne, come sua mesma
condenação”.
D. —
Logo, ai dos sacrílegos!
M. —
Em verdade são bem infelizes…
* *
*
Fonte:
retirado do livro “Comungai bem” do Rev. Pe. Luiz Chiavarino.
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